I.
PENSAMENTO
POLÍTICO DA ANTUGUIDADE CLÁSSICA
1.
PERICLES
– 495 – 430 a.C
Seu pai foi
considerado o Pai da Democracia, Péricles herdou os ideais do seu pai e
se tornou o espelho da Democracia;
Alcançou o poder
por via de eleição. Foram 15 eleições consecutivas. Naquele tempo os
governantes eram eleitos somente pelos homens, outros não tinham o direito de
votações eram estes escravos, prisioneiros, mulheres e estrangeiros;
Os assuntos mas
relevantes a sociedade ateniense eram abordados numa praça denominada por A’gora,
lá todos podiam colocar livremente as suas opiniões. Era na A‟gora que eram
feitas as tais eleições e foi lá também onde foi decretada a sentença do Sócrates;
Infelizmente
Péricles não escreveu nenhuma obra, os seus discursos foram reproduzidos por Tucidides,
historiador e escritor. Só foi através dele que podemos estudar Péricles.
1.1.Razão de Estado para Péricles
Péricles caracterizou
a democracia em dois princípios fundamentais que são: Igualdade e
Liberdade, princípios estes que nos dias de hoje estão consagradas
em quase todas as constituições; É considerado um dos líderes mas privilegiados
em toda a história da evolução da humanidade e da política, Péricles foi o
primeiro Homem a respeitar os direitos fundamentais do Homem, embora estes
direitos não estavam tão evoluída como estão nos dias de hoje, vejamos que
naquele tempo alguns homens estavam privados de alguns direitos como já havia
mencionado;
O acesso de
qualquer tipo de cargo público na cidade de antenas era concebido por Mérito,
não havia nenhum tipo de descriminação; Os atenienses podiam circular
livremente dentro e fora da cidade e os estrangeiros eram sempre bem-vindos,
isto é, havia uma “livre circulação de pessoas e bens”; Para Péricles não é vergonha ser Pobre,
mas sim será vergonha o indivíduo não lutar para a satisfação das suas
necessidades e sair da tal pobreza;
Péricles compara a política com a “Arte”, dizia que o domínio
desta arte era o mas elevado prestigia que um Homem podia alcançar; Saber fazer
politica vai se resumir em: saber mandar e ter o Dom da palavra. E
um bom politico aquele que consegue convencer os outros apenas com a palavra.
Péricles há 25 mil
séculos atras já defendia a Democracia, tendo defendido a superioridade do
regime de Atenas em relação ao de Esparta.
Defendeu a
igualdade (isonomia) de todos perante à lei, a defesa do valor pessoal de cada
um, em detrimento da classe a que cada um pertencia;
Defendeu também a liberdade (isegoria),
especialmente a liberdade de expressão, onde a população (cidadãos do sexo
masculino com mais de 18 anos) reunia-se na Ágora (Praça ateniense) e discutiam
assuntos da Polis.
Péricles defendeu
também a filantropia, a tolerância e a benevolência, isto é, defendia a
assistência aos mais fracos, o acolhimento de todos os homens, incluindo os
estrangeiros.
Defendeu a igualdade
de Direitos políticos (isopoliteia);
Defendeu a
igualdade de participação (isomoinia);
Defendeu a igualdade
tributária (isoteleia);
Defendeu a igualdade
de propriedade (isokleria).
Péricles nos seus
discursos exaltava Atenas “A nossa cidade é a escola da Grécia e do Mundo”,
“ainda que todas as coisas estejam votadas ao declínio, possam dizer de nós,
vós, os séculos futuros que erigimos a cidade mais celebre e feliz”. O discurso do Péricles mostra-se actual,
encontramos nele, além de preocupações políticas, também preocupações sociais
(com os mais fracos), o que era incomum na altura.
2.
XENOFONTE
– 430 – 350 a.C
Nasceu
provavelmente no mesmo ano em que Péricles morreu (430 ac), na cidade de
Atenas, é relevante ressalvar aqui que ele não chegou a conhecer o homem que
veio contrariar;
Participou
em algumas expedições militares, foi um jovem irrequieto e grande aventureiro;
Combateu
varias vezes contra a cidade de Atenas, manchando a sua própria pátria. Por
ter este tipo de comportamento, ele foi banido e privado dos seus bens;
Retirou-se
então para uma propriedade rural que lhe foi proporcionada pelos seus aliados Espartanos.
Amou
e serviu a cidade de Esparta. Foi lá
onde viveu maior parte da sua vida; Passou
a grande parte do seu tempo a escrever, foram várias obras, dentre elas as mas
destacadas foram: A expedição de Ciro, Hieron, e a Republica dos
Lacedemonios;
Nunca
foi um governante como tal, mas os seus ideais foram adoptados por muitos
líderes políticos; Xenofonte foi o
primeiro grande defensor de uma Ditadura;
O
seu nome hoje representa algo muito feio para alguns políticos.
Para
Xenofonte os princípios de Igualdade e Liberdade são motivos de ameaça para o
Estado, o melhor para ele seria se os Homens não tivessem liberdades de
expressar o que sente, justifica ainda ele que quando há varias ideias cai o
Estado;
Na
cidade de Esparta ninguém podia ter melhores condições que o outro e não podiam
levar uma vida luxuosa;
O indivíduo era na totalidade subordinado do
estado. O Estado também entrevia de várias formas na vida social dos cidadãos
como por exemplo, as refeições eram tomadas em público, os Homens estavam
proibidos de tocar em assuntos relacionados com o dinheiro.
Na
cidade de Esparta, os filhos eram criados pelos funcionários do estado, quando
atingissem a juventude eram logo enviados ao centro de preparação para se
tornarem grandes soldados, assim fazia de Esparta uma grande potência militar;
Era
proibido a saída dos cidadãos e a entrado dos estrangeiros no estado, era mesmo
uma cidade fechada, isto serviria para a prevenção da cultura Espartana;
Para
Xenofonte, não importava a forma da aquisição do poder, o mas relevante para
ele será a legitimidade de Exercício, o que inspirou um outro grande autor Nicolau
Maquiavel (“os fins justificam os meios”);
Para
ele só é chefe aquele que sabe mandar e por isso se faz obedecer, isto é “o
dever de um governante será de mandar fazer aquilo que é necessário fazer e o
dever de um súbdito e somente de obedecer”.
Elogia
a ditadura. Foi discípulo de Sócrates, embora fosse ateniense, ele prestou
serviços para Esparta contra Atenas.
Viveu
exilado, e escreveu muitos livros sobre história, economia e política.
Enquanto
Péricles era pela paz, Xenofonte era pela guerra, na liberdade e igualdade ele
via um perigo, Xenofonte defendia uma visão aristocrática e autoritária para o
poder.
Na
sua obra, a República dos Lacerdónios Xenofonte elogia Esparta como uma
cidade fechada e ditatorial, diz que esta foi a cidade mais importante da
Grécia antiga porque as suas instituições intervinham na construção da própria família;
os jovens eram educados pelo Estado com padrões muito rígidos, as refeições
tinham que ser comuns, e em público.
Ele
defendia um Estado Polícia, que até fazia buscas na casa dos cidadãos e se
encontrassem ouro ou prata aplicavam-lhes sanções. Os estrangeiros só podiam
viver com uma autorização especial e os próprios espartanos não poderiam
viajar.
O
estilo de vida proposto por Xenofonte não era aceite espontaneamente. Por isso,
é que o Estado tinha que ser forte, onde cada cidadão fiscalizava e controlava
os demais, e todos se observavam uns aos outros.
Ele
dizia que o indivíduo é inteiramente subordinado ao Estado, entre um conflito
cidade-Estado, prevalece o Estado; as leis em Esparta eram impostas como leis
divinas; a sua violação não era apenas ilegal, mas também ímpia.
2.1.O
Chefe e as suas qualidades
Para
Xenofonte, a política é o renascimento do que é preciso saber e do que é
preciso ser para governar bem o país.
O
domínio da política era o grau mais elevado que um homem podia atingir na vida.
O chefe é aquele que pela sua aptidão natural, é mais indicado para assumir e
governar o poder; para ele, o rei não é o que usa o ceptro, ou o que é
escolhido pela multidão, nem o que foi designado, nem aquele que assume o poder
pela força, mas aquele que sabe mandar e tem a capacidade de se fazer obedecer.
2.2.Quanto
à aquisição e direito ao poder
O
poder não era um fenómeno jurídico, mas sim psicológico, e que não provém da
investidura como o direito, o poder conquista-se, quando vago toma-se,
uma vez alcançado exerce-se.
O
que importa nos governos não é a legitimidade do título, mas a eficácia no
exercício do poder.
Xenofonte
foi importante na história do pensamento político no que respeita a sua
concepção sobre o poder, sobre a autoridade natural na distinção entre
governantes e governados, onde estava bastante claro os que deviam mandar e os
que deviam obedecer.
3.
PLATÃO
– 427 – 347 a.C
“O CASTIGO DOS BONS QUE NÃO
FAZEM POLÍTICA É SEREM GOVERNADOS PELOS MAUS.” (Platão)
Nasceu
dois ou três anos depois da morte de Péricles, na cidade de Atenas, onde viveu
aproximadamente 80 anos.
® Platão,
foi aluno de Sócrates a quem ele considerava “O melhor e o mais Sábio dos
Homens”;
® Platão
viu seu mestre ser julgado e condenado a morte, isto provocou para ele uma
grande tristeza e desgosto;
® Com
o seu mestre morto, Platão deixou de acreditar em aquilo que eram os princípios
da cidade de Atenas e começa a aderir os ideais da cidade de Esparta;
® E
com isto, Platão desenhou o seu próprio projecto de sociedade, a sociedade
ideal (Utopia).
® Platão
foi considerado o primeiro Comunista, e também atribui-se a ele a primeira
fonte de inspiração do Marxismo;
® Fundou
a primeira universidade, a Academia‟;
® Platão
escreveu várias obras, mas a mais importante dentre elas é a Politeia,
traduzida por “A Republica”;
3.1.A
Sociedade (cidade) ideal de Platão
O
contexto político-histórico em que Platão viveu, que consubstanciava na:
® Decadência da democracia ateniense;
® O relaxamento das virtudes políticas.
® Oportunismo, demagogia, corrupção.
® O julgamento e execução de Sócrates.
® A progressiva degeneração da pólis.
Estes
factos levaram a que Platão se debruçasse na construção de uma sociedade ideal.
® Na
sua sociedade ideal, a Família e a Propriedade Privada são os grandes males
responsáveis pela má organização da sociedade, dizia que estes males deturpavam
o pensamento do poder político, de tal forma que para ele:
® 1.
Quem detêm da propriedade privada estará mas preocupado com o que é seu e
muito pouco com o que é da colectividade;
® 2.
A abolição da família com a expropriação dos filhos pelo Estado era
importante que os pais não conhecessem os filhos e vice-versa, defendia a Liberdade
Sexual, e foi o primeiro a defender que
os filhos deveriam nascer da relação de homens e Mulheres de mesma classe
social;
® Platão
defendia que o salário dependeria de dois critérios: que são o Trabalho e a
Necessidade, quem não trabalhasse não recebia e quem tinha muitas
necessidades teria também um salário alto;
Platão
defendia a organização da sociedade em Pirâmide, que estava subdivida em três
classes sócias.
Para
Platão, a justiça era um tributo para a sociedade e a política devia ser
entregue aos melhores, os governantes deviam ser os melhores de entre os
melhores, e só deviam ocupar-se da governação. Por isso, Platão propõe uma
sociedade dividida em 3 classes., sendo:
a) Os
magistrados (governantes, sábios, aristocratas);
b) Os
guardas (soldados, militares);
c) Os
trabalhadores (comerciantes, artesãos, agricultores).
A
sociedade seria comandada por uma entidade suprema, isto é, o Rei Filósofo, que
tivesse acesso às ideias, e fosse dotado de um conhecimento superior para
governar; ele não precisava de leis.
Estabeleceu
um sistema comunitário de classes superiores abolindo a propriedade privada e a
família; a natalidade estava sobre o controlo do Estado e a educação das
crianças era entregue ao Estado.
3.2.Formulação
de uma tipologia de governo
Platão
estabelece uma tipologia de governo dinâmica e cíclica. Dissemos dinâmica
porque as formas de governo eram passíveis de se modificar. E dissemos cíclicas
porque ele partia de uma forma de governo degenerada susceptível de ser
reciclada.
3.3.As
formas de Governo em Platão:
a) Aristocracia/
fisiocracia
® Aristocracia é o governo dos melhores, sendo esses os
mais virtuosos e justos;
® Platão associa a virtude à eugenia, às características
herdadas dos pais;
® Os governos não podem controlar os fatores cósmicos e
divinos que afetam a eugenia;
® Tudo o que nasce está sujeito à corrupção e à
decadência, incluindo as gerações;
® Os virtuosos não necessariamente darão origem a
descendentes virtuosos.
b) A
Timocracia
® A timocracia conserva o caráter militar e rejeita o
caráter filosófico do governo;
® A guerra serve apenas à satisfação das ambições
materiais e narcisistas;
® O homem da timocracia é arrogante, ignorante e
ambicioso de ouro e honra;
® Quanto mais os homens pensam em fortunas, menos
cultivam as virtudes políticas;
® A timocracia vem desta sede por riquezas.
c) A
Plutocracia/ Oligarquia
® A falência do homem timocrático dá origem ao homem oligárquico;
® O homem da oligarquia é avarento e põe o bem público
em segundo plano;
® Dos miseráveis ou arruinados nasce uma classe de
“zangões” e “pedintes”;
® Os miseráveis conspiram contra uma oligarquia que
perdeu a virtude militar.
d) A
Democracia
® A sociedade oligárquica, dividida entre fortunas e
misérias, é instável;
® Qualquer pretexto exterior ou interior dá origem à
revolução dos miseráveis;
® Essa revolução dá origem à democracia;
® Os pobres matam, desterram ou destituem a oligarquia
do seu poderio;
® A ausência de classe dirigente dá origem à igualdade
democrática.
e) A
Tirania
® O homem da democracia é displicente, negligente, sem
disciplina e impulsivo;
® O desrespeito às hierarquias e aos princípios atinge a
família e o governo;
® A liberdade degenera em anarquia;
® Todo excesso num sentido faz nascer um excesso no
sentido contrário;
® O excesso de liberdade termina em excesso de servidão:
nasce a tirania.
® A instabilidade gera luta de classes;
® Ricos e pobres são obrigados a se defenderem
mutuamente;
® Surgem falsos delatores e defensores;
® O tirano surge então como protetor dos pobres contra
os demais;
® A multidão dócil concede ao tirano guardas pessoais e
todo o poder;
® Após “proteger o povo”, o tirano sem oposição passa a
explorá-lo, oprimi-lo.
Para
Platão a melhor forma de governo era a Sofiocracia, e a pior era a Tirania, mas
face a impossibilidade real da criação da cidade ideal, Platão admite uma 6ª
forma de Governo, mais moderada, realista, onde a família e a propriedade
privada já são aceites, era uma forma mista entre a oligarquia e a democracia,
e que ficou conhecida como Democracia Aristocrática.
3.4.A
Teoria dos Metais em Platão
Platão,
dizia também que cada um dos indivíduos nasce com Metal nas suas almas, os Sábios nascem com o Ouro, os Militares com a
Prata e os Trabalhadores com o Bronze.
3.5.
A Importância do Pensamento de Platão
De
acordo com o Professor Diogo Freitas do Amaral, o pensamento político de Platão
é importante porque ele lançou o modelo utópico na sociedade.
Foi
o primeiro a propor o pensamento comunista assente em modelo político não
democrático totalitário, caracterizado pela abolição da propriedade privada;
tudo estava entregue ao monopólio do Estado; tratou com lucidez a superioridade
da política em relação as outras actividades públicas e políticas.
Realçou
o carácter unificador da política no conjunto estadual, mostrou uma preocupação
com a justiça (diminuir o contraste entre ricos e pobres); deu um contributo
original para a formulação da teoria das crises institucionais e cíclicas da
política.
Concluindo,
no seu projecto de sociedade ideal (Utopia), Platão defendia a sociedade
dividida em classes, defendeu a abolição da família e da propriedade privada,
Platão apresentou também as formas de governo de uma forma Cíclica, onde tudo
começaria pelo governo de Sofiocracia (forma de governo baseada no rei
filosofo), e com a morte do Rei-Filosofo, o poder seria tomado pelos Militares,
e daria origem ao aparecimento da Timocracia, logo em seguida os tais militares
enriqueceriam e o poder politico passava a estar nas mãos dos Ricos, e surgiria
a Plutocracia (oligarquia), dai o povo
vai se revoltar com tanta desigualdade de classes sócias e vai tomar o poder,
dai irá surgir a Democracia, mas esta não dura muito tempo, logo o povo vai
entregar o poder a um homem para governar por eles, será a sucessão da Tirania.
4.
Aristoteles
(384-322 a.C)
“
A dúvida é o princípio da sabedoria”
Principais
obras: A Política, a Constituição de Atenas….
Aristóteles foi
sem dúvida o outro génio da história da humanidade, é considerado o fundador da
Ciência Politica, o primeiro Homem que olha para a realidade política e
estabelece algumas teorias relativas a política; nunca foi político, mas sim, politólogo.
® 384 a.C. Aristóteles nasce em Estagira na Macedônia.
® Ingressa na Academia criada por Platão, tornando-se
seu principal discípulo, assistente e pretenso sucessor;
® 347 a.C. Com a morte de Platão, Aristóteles candidata-se a substituí-lo na Adademia,
mas é recusado por ser estrangeiro;
® Decepcionado, abandona a Academia e isola-se na Ásia
Menor;
® É convidado por Felipe II, imperador da Macedônia,
para ser professor de Alexandre, seu filho;
® 340-335 a.C. Alexandre conquista as frágeis cidades gregas;
® Aristóteles aproveita e retorna a Atenas, criando o
Liceu;
® 323 a.C. Após a morte de Alexandre e expulsão dos invasores, os sentimentos
xenófobos forçam Aristóteles a fugir de Atenas.
4.1.Apresentação
de uma concepção de natureza humana
Quando
Aristóteles proclama que o homem é por natureza um animal político (anthropos physei politikon zoon),
diz que a exigência da perfeição, a procura do bem melhor, a tendência para
a realização daquilo que é o seu bem o impelem para a polis.
Não
diz que o homem se une na polis por um bem menor, como aquele que o
leva à constituição da família, em nome da satisfação das necessidades vitais.
Não
diz apenas que o homem é um animal social, um animal que tende para a
constituição de comunidades em geral, porque nem todas as comunidades são
políticas.
Diz
que um determinado bem, o impele para uma certa espécie de comunidade, a polis. E que esse determinado
bem é, precisamente, o bem melhor. O bem que, por natureza, lhe exige, não
apenas que viva, mas que viva bem.
O
homem é um animal político, um animal da polis,
um animal que tem tendência para constituir uma polis, que é a mais perfeita
das comunidades e não uma qualquer sociedade.
Ele
podia ser um animal meramente social ou meramente familiar, sem ser um animal
político. E por ser animal político, não deixa de ser um animal social e
familiar, onde, além da base social, há a inevitável raiz animal. É que para
Aristóteles o homem é um ser complexo: pertence ao mundo terrestre (sublunar),
mas faz parte do mundo celeste (supralunar). Ele não é um deus nem um
bruto, mas tem algo de deus e de animal. E a polis está cosmicamente situada na
parte superior do mundo sublunar: aquele
que não tem polis, naturalmente e não por força das circunstâncias, é ou um ser
degradado ou está acima da humanidade.
A
razão da distinção do homem face os outros animais está no facto de que,
ontologicamente, o homem é
único animal que possui a palavra. O único animal que que é um animal racional, como dirão
os romanos.
Assim, em Aristóteles, temos que a voz do
homem não se reduz a um conjunto de sons. Não é apenas simples voz (phone),
não lhe serve apenas para indicar
a alegria e a dor, como acontece, aliás, nos outros animais, dado que é
também uma forma de poder comunicar um discurso (logos). Graças a ela o homem
exprime não só o útil e o
prejudicial, como também o justo e o injusto .
É
com base nestes pressupostos que Aristóteles proclama: o homem é o único dos animais que possui a palavra. Ora, enquanto a voz
não serve senão para indicar a alegria e a dor , e pertence, por este motivo,
também aos outros animais (dado que a respectiva natureza vai até à
manifestação das sensações de prazer e de dor, e a significá-las uns aos
outros), o discurso serve para exprimir o útil e o prejudicial, e, por
conseguinte, também o justo e o injusto: porque é especificidade do homem,
relativamente aos outros animais, ser o único que tem o sentimento do bem e do
mal, do justo e do injusto e doutras noções morais e é a comunidade destes
sentimentos que gera a família e polis.
Qualquer
outra leitura deste entendimento aristotélico do conceito de animal político,
não nos faria entender o que o mesmo autor escreve logo a seguir: a polis é,
por natureza anterior à família e a cada um de nós considerado individualmente.
O todo, com efeito, é necessariamente anterior à parte, dado que o corpo
inteiro, uma vez destruído, faz com que não haja nem pé, nem mão, senão por
mera homonomia ou no sentido em que se fala de uma mão de pedra: uma mão, deste
género, será uma mão morta.
Aristóteles
defendia que o homem é um animal político, feito para viver em sociedade, com
uma vocação ética, o único capaz de distinguir entre o bem e o mal, justo ou
injusto.
Dizia
que a origem do Estado é natural e convém salientar que o conceito do Estado
Grego era globalizante, regulava questões como o casamento e educação dos
filhos.
4.2.Critica
ao pensamento político de Platão
Aristóteles criticou a estrutura da sociedade descrita
por Platão porque o mestre tinha dela uma visão:
a) utilitarista: Platão considerou somente as satisfações
materiais dos diferentes trabalhos e ignorou as morais como necessárias à
manutenção das virtudes.
b) Incompleta: Platão ignorou a relação funcional
corpo-alma que há entre povo (produtores materiais) e elite (governantes
intelectuais).
c) Aristóteles
critica a cidade ideal de Platão, a defesa da família, da propriedade
privada.
4.3.A
Estrutura da Sociedade para Aristóteles
Entendia este autor que há diferentes governos porque
as cidades são compostas por diferentes partes:
® Os mais ricos, a classe média, os mais pobres.
® Os trabalhadores, agricultores, os comerciantes.
Os governos são diferentes porque as cidades são
dotadas duma diferença social intrínseca.
Os governos, ao serem instituídos ou reformados,
penderão para esta ou aquela classe social.
A diversidade interna entre os pobres e interna
entre os ricos, assim como a predominância dos primeiros ou dos segundos
produzirá as diferenças e variações entre democracia e oligarquia.
® Democrático quando os soberanos são pobres e livres.
® O governo é Oligárquico quando os soberanos são poucos e
ricos.
Aristóteles defendia o predomínio
das classes médias, dizia ele que a melhor forma de governo e a melhor
sociedade é a que fosse constituída, em maioria por cidadãos das classes
medias.
4.4.As
formas de Governo em Aristóteles
Aristóteles apresenta uma
classificação dos regimes políticos agrupados em regimes Sãos (virtuosos) e
regimes Degenerados (corruptos).
Governos
|
Sãos/Virtuosos (bem geral)
|
Degenerados/Corruptos (beneficio
próprio)
|
Um só
|
Realeza (nobreza)
|
Tirania (paixões)
|
A minoria
|
Aristocracia (virtude)
|
Oligarquia (riquezas)
|
A maioria
|
República (dever)
|
Democracia (liberdade)
|
Portanto,
o pior de todos os governos
corruptos (a tirania) é um desvio do melhor de todos os governos virtuosos (a
realeza).
E o melhor dos
governos corruptos (democracia) é um
desvio do pior dos governos virtuosos (república).
Na impossibilidade teórica do absoluto bem e na
impossibilidade prática do absoluto mal, a saída proposta por
Aristóteles é a busca do meio-termo (equilíbrio) na política.
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